Para entender a importância da presença do Teatro nas concepções educacionais ao longo da História, é preciso conceber o conceito de jogo dramático. Também denominado jogo lúdico, ou simplesmente jogo, caracteriza-se por improvisações coletivas (desde a criação à representação) propostas a partir de desafios, temas e situações. Segundo CHATEAU citado por REVERBEL (2006: 35), não se pode imaginar a criança sem seus riscos e seus jogos.
Sabe-se hoje que o jogo é essencial para que a criança desenvolva suas potencialidades cognitivas, enriqueça a sua personalidade e construa a sua adolescência. Entretanto, lá no século V a.C. ele já recebera atenção especial da educação grega, devido à percepção de sua eficácia como ferramenta pedagógica.
Tanto Platão, quanto Aristóteles recomendavam o emprego do lúdico como iniciação do processo de formação de um bom cidadão, motivados por experimentações que comprovaram maiores possibilidades de aprendizado a partir de atividades prazerosas.
Paralelamente, as escolas romanas – que literalmente espelhavam-se na pedagogia praticada na Grécia – adotaram aquele que chamavam de treino da habilidade de imitar na educação de seus jovens, pois as observações do pensador Horácio identificaram no exercício do jogo um excelente professor da ética e da moralidade.
Após o declínio do império ostentado por Roma, a participação do Teatro no ambiente escolar ocidental manteve-se modesta até as primeiras décadas do cristianismo.
E praticamente desapareceu no obscurantismo do período medieval, quando todas as manifestações teatrais foram comparadas aos rituais pagãos e reprimidas energicamente pela Igreja Católica, que havia se tornado o alvo predileto das ferozes ironias apresentadas, clandestinamente, pelos cantores ambulantes e por grupos de saltimbancos, nas feiras e nos circos.
Foi a partir do século IX que o ensino de técnicas teatrais intensificou-se nas numerosas escolas implantadas nos domínios do Império Romano-Germânico, por toda a Europa.
As idéias aristotélicas de São Tomás de Aquino contribuíram muito para esse avanço, convencendo o catolicismo a permitir, pelo menos, as encenações estudantis de caráter lúdico.
Esse reaproveitamento do potencial educativo do Teatro, através das adaptações de lições morais e dos mistérios cristãos às representações cênicas, estendeu-se até o Renascimento.
As academias renascentistas valorizaram a oratória, incentivando a dramatização de diálogos extraídos dos textos clássicos, elevando consideravelmente o prestígio das peças encenadas por professores e estudantes.
As escolas inglesas, francesas, italianas e alemãs utilizaram os jogos dramáticos para aprofundar a didática da linguagem e refinar as habilidades artísticas de seus alunos.
Paulatinamente, o Teatro ocupou todos os espaços que lhe foram oportunizados no campo educacional, até se confrontar com o radicalismo puritano.
Na transição entre os séculos XVI e XVII, grande parte do pensamento intelectual europeu foi ditada pelo Puritanismo, que usou suas rígidas interpretações bíblicas como justificativa para afastar a arte das escolas. As raras expressões teatrais, então, só eram permitidas se fossem apresentadas em latim e não imbuíssem conotações pedagógicas.
Depois de mais de oito décadas reprimindo e manipulando a cultura e a educação, o rigor dos plesbiterianos cedeu lugar aos ares liberais soprados, especialmente, sobre a França e a Inglaterra.
Os novos caminhos pedagógicos não tardaram a espalhar-se pelos demais países ocidentais. E, nos últimos três séculos, têm reforçado e aperfeiçoado o papel educativo do jogo teatral, com a persistência dos filósofos, pensadores, cientistas, teatrólogos, pedagogos, educadores e educandos que vêm se sucedendo na criação de propostas inovadoras para os processos de ensino e de aprendizagem.
Item 2 do Capítulo 1 da monografia UNIPAC - CDD 792.021
"A contribuição do teatro para o sucesso cognitivo na educação pública de Minas Gerais"
autor: Dalton Araújo Galvão de França
Só passei para lhe dar um 'oi'...
ResponderExcluirValeu, minha querida amiga Luísa!
ResponderExcluirEu é que estou lhe devendo uma visita. Qualquer hora dessas dou uma excursionada pelas belezas do multivias, tá?!
Um grande beijo!
Oi, Dalton
ResponderExcluirDesde criança tenho verdadeiro fascínio pelo teatro. Na minha vida e da nossa família sempre cultivamos duas motivações importantes a leitura e o teatro. Gosto do cinema, mas o teatro é mais real, toca mais. Na educação é muito importante para incentivar a cultura.
Um abraço e tudo de bom!
Querida Zilda, tudo que eu disser a respeito da arte teatral passa a ser muito suspeito.
ResponderExcluirPorém, gostaria de ressaltar essa sua última observação: além de incentivar a cultura, o Teatro estimula e lapida o comprometimento ético e o senso de responsabilidade do educando.
Valeu pela sempre agradável visita e pelo comentário.
Um grande beijo!
Oi, amigo Dalton!!! Por esse capítulo já se pode imaginar o sucesso da sua monografia!! Concordo plenamente com a sua explanação. Excelente!!!!
ResponderExcluirÉ através desses jogos lúdicos que jogamos nossas emoções, nossas angústias... e que também temos os nossos "insights". Quantos problemas (timidez,insegurança e por aí vai...) seriam evitados nas nossas vidas se tivéssemos no gradil curricular o teatro.Vc concorda? Existe uma frase de Garcia Lorca que define poeticamente o teatro e que eu acho linda. Deixo-a pra você: "O teatro é a poesia que sai do livro e se faz humana".
Vc já pensou se em outras vidas você viveu na Idade Média? rs Se a resposta for afirmativa, vc deve ter feito muita "arte" por lá. Vide o FaZendoARTE.rsrs
Um beijo e meus parabéns!!! Bom fim de semana!!!
O teatro na história da educação
ResponderExcluirveio lentamente acompanhando a evolução
hoje já nos nossos dias faz parte nas escolas
e nosso Fazendo Arte nos mostra como tudo começou
mestre Dalton posso dizer que a mim você ensinou
pois que história é matéria que gosto mas ainda devo ter alguém para me auxiliar nessa trilha
e ninguém melhor que o prefeito de Cruzília.
Querida Lau, você sintetizou com muita exatidão a importância da prática teatral no processo da construção cognitiva da criança.
ResponderExcluirE fechou com chave de ouro citando a magnífica frase do Federico. Quanto à Idade Média, não vou nem te contar quem fui...
Um grande beijo!
Êta poeta porreta, sô! Faz até 'poesiateatal'. Ou faz teatro com a poesia? (rsrs)
ResponderExcluirFico feliz por compartilhar e acrescentar conhecimento através de um pedacinho da minha pesquisa.
Um grande abraço, meu amigo Antonio Campos!
Oi Dalton, é... essa monografia deve ter arrasado em consistência! Muito bom texto!
ResponderExcluirEu também compartilho a opinião de que os jogos teatrais são importantes ferramentas que podemos utilizar no contexto educacional.
Bjs.
Dalton!
ResponderExcluirMuito bom sempre passar aqui e aprender com seus riquíssimos texto!
É o teatro fundindo-se na história da educação.
Abraço!
Querida Lais, grato pelo comentário.
ResponderExcluirNa verdade, fiquei sim muito feliz com o meu trabalho, pois ele tem estimulado a utilização de jogos teatrais nas aulas de muitos colegas de outras áreas.
Um grande beijo!
Caro amigo Mariano!
ResponderExcluirGrato pelo elogio. Fico feliz por poder compartilhar meus aprendizados com os amigos e com os demais leitores.
Um grande abraço!
Dalton
ResponderExcluirDe fato o brincar da criança, na cocepção da maioria dos adultos é algo como quase pejorativo. Na verdade o brincar, o lúdico é a cosntrução e representada do mundo que lhes mostram.
Que os adultos possam brincar como crianças! A curiosidade e a representação são condições para que a vida seja particularizada nisso que tem que ser, uma personalidade, um singular, e universalizada como respeito ao conhecimento que é algo que deve estar a disposição de todo o ser que vem ao mundo para SER.
Beijos
Querida Salete, seu comentário é muito preciso na medida em que destaca o lúdico como a forma que a criança encontra para elaborar sua visão de mundo e expressar suas observações críticas sobre esse mundo.
ResponderExcluir"É brincando que se aprende" nunca esteve tão presente no processo de construção do conhecimento como nas atuais concepções pedagógicas.
Um grande beijo!
Dalton, que bela representação!Você acredita que os adultos são os que mais apreciam o teatro do que qualquer outro grupo pertencente a outras faixas etárias? O teatro, para as crianças entre 6 e 12 anos,poderia ser interpretado como "brincadeira"?
ResponderExcluirAbraço,
Angélica
PS: Seu blog é magnífico!