quinta-feira, dezembro 9

da capadócia


Eu sou um homem de sorte
E de Deus tenho suporte
Sou um homem abençoado
Tal meu pai havia profetizado

Eu sou um homem de sorte
Já estive de cara com a morte
E ela então perdeu o paradeiro
Pois sou filho de Jorge Guerreiro.





[Escrevi em Cruzília-MG # 2010]


sábado, novembro 13

programa de rádio





NAS ONDAS DA MENTE


um programa diferente!




A Voz do Ambulatório de Saúde Mental de Cruzília

Minas Gerais


toda quarta # três da tarde


@ www.cruziliafm.com.br



meio de campo






A Direita


acredita cegamente em tudo que lhe ensinaram,




e a Esquerda


acredita cegamente em tudo que ensina.




quinta-feira, outubro 14

confissão





Tenho muitos medos:





Ora duros como uma rocha




Ora doces como teus seios.




[Escrevi em Cruzília-MG # 2008]


sábado, setembro 25

uma estrela





"Áurea é a tez de tua sensibilidade poético-repentista!"




[Grato por sua iluminada presença em nossas vidas, minha querida amiga]





domingo, setembro 12

sobradinho






Harmonia emocional

Repouso espiritual

Poesia visual

Vida real.

[Escrevi no Sobradinho, São Thomé das Letras-MG # setembro, 2010]

terça-feira, setembro 7

de repente,



independente

da independência

de ser independente,

a independência

é independentemente

dependente...









[Escrevi em Cruzília-MG # 7set2010]



domingo, agosto 29

decisão

Não é o caminhar apenas pelo desapego à máquina;

e sim o caminhar pelo prazer de tocar a realidade do mundo.




[Escrevi em Cruzília-MG # 2010]


sábado, agosto 7

paramoira

















Fotos by Moira França
(minha filha, que está cobrindo a Festa Literária Internacional de Paraty - FLIP - para o klickeducacao.com.br)


quarta-feira, maio 19

insight



A arte existe também para


revirar artérias,

reativar raciocínios,

revolver conceitos,

revisitar valores

e

reinventar sensações.







[Escrevi em Cruzília-MG # 2010]

sexta-feira, maio 14

motivos para estudar arte



Um questionamento – tanto de alunos, quanto de seus pais e de muitos colegas de trabalho – tem acompanhado minha trajetória no magistério há vinte e três anos: Qual a razão da presença da arte no currículo escolar?

E sem hesitar tenho respondido que o contato com a Arte é a oportunidade para uma pessoa explorar, construir e ampliar os seus conhecimentos, desenvolver as suas habilidades e deixar aflorar os seus sentimentos.

O aprendizado de Arte deve possibilitar a todos os educandos a construção de conhecimentos que mexam com sua emoção através do
pensar, do apreciar e do produzir.


Realizando trabalhos artísticos e conhecendo as realizações de outras pessoas e de outras culturas, o aluno poderá compreender e diversidade de valores que orientam tanto o seu modo de agir, quanto o da sua e o de outras sociedades.

Ao conhecer e fazer arte, esse aluno percorre trajetos de aprendizagem que propiciam análises específicas sobre sua relação com a própria arte, consigo mesmo e com o mundo, pois a arte é um agente transformador e formador do cidadão.

Todos os seres humanos convivem com a Arte desde quando nascem até quando morrem. Todos os seres humanos convivem com a Arte em casa, na escola, na igreja, no trabalho e no lazer. Todos os seres humanos, portanto, deveriam destinar um olhar mais atento para a Arte porque ela faz parte da própria
essência humana.




[Escrevi em Cruzília-MG # 2009]




quinta-feira, abril 29

estrada




É uma casa sem teto
Sem porta nem janela
É um bicho que não fica quieto
É o eco resgatado de uma cela.





[Escrevi em Aracati-CE # 1982]

sexta-feira, abril 23

devoção

Jorge sentou praça na cavalaria

eu estou feliz porque também

sou da sua companhia.



domingo, abril 18

a oitava das doze tarefas


@ por Martin Schulman, astrólogo inglês; diretor da Essene School of Astrology; autor de diversos trabalhos a respeito da astrologia hindu.


E naquela manhã, Deus compareceu ante suas doze crianças e em cada uma delas plantou a semente da vida humana. Uma por uma, cada criança deu um passo à frente para receber o dom que lhe cabia...



“A ti, SCORPIO, darei uma tarefa muito difícil. Terás a habilidade de conhecer a mente dos homens, mas não te darei a permissão de falar sobre o que aprenderes. Muitas vezes te sentirás ferido por aquilo que vês, e em tua dor te voltarás contra Mim, esquecendo que não sou Eu, mas a perversão da Minha ideia que te faz sofrer. Verás tanto e tanto do ser humano, que chegarás a conhecer o homem enquanto animal, e lutarás tanto contra os instintos animais em ti mesmo, que perderás o teu caminho; mas, quando finalmente voltares a mim, Scorpio, terei para ti o dom supremo da finalidade.”


[Alegoria publicada originalmente como posfácio do livro Karmic Astrology the Moons Hodes and Reincarnation; Wellingborough; Nortthamptonshire; The Aquarian Press; 1977]

quarta-feira, abril 14

na estação...

Junta os trem


que a coisa jevem!




[expressão mineira de autoria desconhecida]


terça-feira, abril 6

consumo, logo existo


Ao visitar em agosto a admirável obra social de Carlinhos Brown, no Candeal, em Salvador, ouvi-o contar que na infância, vivida ali na pobreza, ele não conheceu a fome. Havia sempre um pouco de farinha, feijão, frutas e hortaliças. "Quem trouxe a fome foi a geladeira", disse.

O eletrodoméstico impôs à família a necessidade do supérfluo: refrigerantes, sorvetes etc. A economia de mercado, centrada no lucro e não nos direitos da população, nos submete ao consumo de símbolos. O valor simbólico da mercadoria figura acima de sua utilidade. Assim, a fome a que se refere Carlinhos Brown é inelutavelmente insaciável. É próprio do humano - e nisso também nos diferenciamos dos animais - manipular o alimento que ingere. A refeição exige preparo, criatividade, e a cozinha é laboratório culinário, como a mesa é missa, no sentido litúrgico. A ingestão de alimentos por um gato ou cachorro é um atavismo desprovido de arte.

Entre humanos, comer exige um mínimo de cerimônia: sentar à mesa coberta pela toalha, usar talheres, apresentar os pratos com esmero e, sobretudo, desfrutar da companhia de outros comensais. Trata-se de um ritual que possui rubricas indeléveis. Parece-me desumano comer de pé ou sozinho, retirando o alimento diretamente da panela. Marx já havia se dado conta do peso da geladeira. Nos "Manuscritos Econômicos e Filosóficos" (1844), ele constata que o valor que cada um possui aos olhos do outro é o valor de seus respectivos bens.

Portanto, em si o homem não tem valor para nós. O capitalismo desumaniza de tal modo que já não somos apenas consumidores, somos também consumidos. As mercadorias que me revestem e os bens simbólicos que me cercam é que determinam meu valor social. Desprovido ou despojado deles, perco o valor, condenado ao mundo ignaro da pobreza e à cultura da exclusão.

Para o povo maori da Nova Zelândia cada coisa, e não apenas as pessoas, tem alma. Em comunidades tradicionais de África também se encontra essa interação matéria-espírito. Ora, se dizem a nós que um aborígine cultua uma árvore ou pedra, um totem ou ave, com certeza faremos um olhar de desdém. Mas quantos de nós não cultuam o próprio carro, um determinado vinho guardado na adega, uma jóia? Assim como um objeto se associa a seu dono nas comunidades tribais, na sociedade de consumo o mesmo ocorre sob a sofisticada égide da grife.

Não se compra um vestido, compra-se um Gaultier; não se adquire um carro, e sim uma Ferrari; não se bebe um vinho, mas um Château Margaux. A roupa pode ser a mais horrorosa possível, porém se traz a assinatura de um famoso estilista a gata borralheira transforma-se em cinderela...



Somos consumidos pelas mercadorias na medida em que essa cultura neoliberal nos faz acreditar que delas emana uma energia que nos cobre como uma bendita unção, a de que pertencemos ao mundo dos eleitos, dos ricos, do poder. Pois a avassaladora indústria do consumismo imprime aos objetos uma aura, um espírito, que nos transfigura quando neles tocamos. E se somos privados desse privilégio, o sentimento de exclusão causa frustração, depressão, infelicidade.

Não importa que a pessoa seja imbecil. Revestida de objetos cobiçados, é alçada ao altar dos incensados pela inveja alheia. Ela se torna também objeto, confundida com seus apetrechos e tudo mais que carrega nela mas não é ela: bens, cifrões, cargos etc. Comércio deriva de "com mercê", com troca. Hoje as relações de consumo são desprovidas de troca, impessoais, não mais mediatizadas pelas pessoas.

Outrora, a quitanda, o boteco e a mercearia criavam vínculos entre o vendedor e o comprador, e também constituíam o espaço das relações de vizinhança, como ainda ocorre na feira. Agora o supermercado suprime a presença humana. Lá está a gôndola abarrotada de produtos sedutoramente embalados. Ali, a frustração da falta de convívio é compensada pelo consumo supérfluo. "Nada poderia ser maior que a sedução" - diz Jean Baudrillard - "nem mesmo a ordem que a destrói". E a sedução ganha seu supremo canal na compra pela Internet. Sem sair da cadeira o consumidor faz chegar à sua casa todos os produtos que deseja.


[by Frei Betto; 2009]


domingo, março 28

cenas de um dia


Quarenta e seis marços atrás...
Eu não passava de um menino curioso de apenas seis anos de idade.
Vivia em Lorena, na face paulista do Vale do rio Paraíba do Sul, distante 180 km de São Paulo e 224 km do Rio de Janeiro pela Rodovia Presidente Dutra.

Frequentava o tradicional Jardim da Infância “Vovó Fiuta”.
Brincava sobre os muros e nos galhos das árvores enraizadas no quintal da casa que morava com meus pais e minha única irmã à época.
Era vidrado em circo, especialmente nos shows de mágica e nas palhaçadas do palhaço Carequinha. Adorava um estilingue e uma bola de futebol. Televisão somente nas casas do vizinho e dos avós.
Rádio. Muito rádio. AM.

Tarde de princípio de outono do emblemático ano de 1964.
De repente correria, zunzunzum, olhares assustados, adultos cochichando pelas esquinas, escolas fechadas, bares, padarias e ‘vendas’ com as portas abaixadas e criançada guardada à sete chaves.



Um ‘tanque de guerra’ do 5º RI (Regimento Itororó) – sediado lá mesmo na Terra das Palmeiras Imperiais – estacionado com toda sua arrogante imponência no meio da praça principal distante três quarteirões do meu quarto.
Tropas do ‘glorioso’ exército brasileiro marchando com fuzis em punho pelas ruas do centro.

Um ar tenso pairou sobre o lar do meu avô materno, oficial daquele quartel.
Um tenso ar também pairou sobre os demais lares do povoamento urbano.

Todas as emissoras de rádio, através de transmissões irritantemente roucas como as do lendário “A Voz do Brasil”, não falavam em outra coisa a não ser de uma tal revolução meia-boca que, anos não tão mais tarde assim, eu descobriria tratar-se apenas um golpe meia-boca promovido por reacionários meia-boca de extrema direita, que detinham um arsenal bélico meia-boca e uma maneira meia-boca de respeitar os direitos do cidadão.


São essas as cenas que o fenômeno denominado memória proporciona-me daquele dia esquisito.
E esse foi o vídeo-tape ressuscitado em meus neurônios - sob cervejas e lágrimas - naquela tarde/noite das Diretas-Já, quando duas décadas depois, cercado pelos demais 1.499.999 presentes no Vale do Anhangabaú, ouvi aquele surreal veredicto.



segunda-feira, março 22

uma carta mineira


Prezado amigo TEÓFILO OTONI, nesta VIÇOSA manhã de primavera, de onde se contempla um BELO HORIZONTE, um CAMPO BELO e MONTES CLAROS, e, ainda, neste ambiente FORMOSO de nossa terra, quando se pode contemplar também, pela madrugada, a ESTRELA DALVA, escrevo-lhe para colocá-lo a par dos últimos acontecimentos.
No âmbito familiar, a nossa prima LEOPOLDINA, ESPERA FELIZ dar à LUZ a seu primeiro filho que, se for homem, se chamará ASTOLFO DUTRA ou JANUÁRIA, se mulher. Para cuidar do rebento, ela contará com abnegação da sua governanta MOEMA. Mas, enquanto ela aguarda seu bebê, lava roupa tranquilamente nas BICAS existentes em um RIO NOVO, afluente do RIO ACIMA, que passa pelas terras de DONA EUZÉBIA, naquele LARANJAL, perto da CAPELA NOVA, onde, na hora do RECREIO, a meninada sobe na PONTE NOVA, para pescar LAMBARI e PIAU e soltar PAPAGAIOS.
A prima NATÉRCIA comprou uma casa na rua ANTONIO DIAS, perto da casa do ANTÔNIO CARLOS. Você já sabia? Orou a Jesus de NAZARENO em agradecimento, ajoelhada aos pés da SANTA CRUZ DO ESCALVADO no alto do MONTE SIÃO, que fica lá para as bandas da GALILÉIA, às margens do MAR DE ESPANHA.
Lembra-se daquelas pedras da tia MARIA DA CRUZ que você queria comprar? Ela resolveu vendê-las, menos a PEDRA AZUL, porque ela diz ser a mais bonita e valiosa. Quanto aos aspectos sociais e religiosos, temos novidades. Na próxima semana, o CÔNEGO MARINHO, da diocese de VOLTA GRANDE, vai fazer a Festa de SÃO TOMÁS DE AQUINO. Se você quiser aparecer será um grande prazer. A nossa prima VIRGINIA é quem será a responsável pelo evento.
Vai ter missa celebrada pelo reverendo local, CÔNEGO JOÃO PIO, em honra ao Santíssimo SACRAMENTO. De manhã, o bispo DOM SILVÉRIO irá crismar as crianças. Depois haverá um show com o Agnaldo TIMÓTEO e também com as TRÊS MARIAS. Em seguida, a Banda Musical SANTA BÁRBARA, sob a regência do maestro BUENO BRANDÃO, executará o GUARANI, de Carlos Gomes. Depois o Barão de COROMANDEL fará a saudação ao aniversariante.
A festa era para ser no mês que vem, mas todas as datas do cantor estavam preenchidas. As primas SERICITA e AZURITA vão fazer a comida. Como prato principal teremos PERDIGÃO e PERDIZES à milanesa e PATOS DE MINAS ao molho pardo. De sobremesa teremos compota de MANGA, tendo sido escolhida a UBÁ, por ser mais saborosa, pêssego em CALDAS e, ainda, licor de PEQUI.
À noite, haverá um baile no OLIVEIRA Country Clube, ao som da orquestra do maestro MATIPÓ, tendo como principais solistas os renomados músicos IBIRACI ao saxofone e NEPOMUCENO ao trompete. Será uma boa ocasião para os convidados exercitarem os seus PASSOS ao ritmo de boleros e rumbas.

Mudando de assunto, na fazenda, fizemos algumas reformas. O CURRAL DE DENTRO estava com o telhado estragado, com problemas no madeirame e tivemos que trocar as vigas. Desta vez colocamos CANDEIAS, por ser madeira de muita durabilidade, todas compradas do CORONEL XAVIER CHAVES. Com a sobra da madeira ainda reformei a PORTEIRINHA que dá entrada para o quintal. Estou também reformando a CAPELINHA de SENHORA DE OLIVEIRA, para comemorar o aniversário de LIMA DUARTE.
Na festa estarão presentes o CORONEL MURTA, o PRESIDENTE WENCESLAU, o JOÃO MONLEVADE, o CORONEL FABRICIANO, o CAPITÃO ENÉAS, o BARÃO DE COCAIS, o Barão de BARBACENA, e várias outras personalidades. Dizem que até o TIRADENTES pretende comparecer. Mas ele ficou meio aborrecido, porque queria que a festa fosse em SÃO JOÃO DEL REI. Só não poderá comparecer o VISCONDE DO RIO BRANCO porque ele está em CAMPANHA política. Iremos cobrar um valor simbólico como entrada, para reverter em benefício dos desabrigados da chuva, mas apenas uma MOEDA de PRATA.
Vou lhe dar outra grande notícia. Perto do ENGENHO NOVO, naqueles barrancos cheios de FORMIGA, um empregado nosso descobriu MINAS NOVAS de OURO BRANCO, OURO PRETO, ESMERALDAS e TOPÁZIO, portanto será uma NOVA ERA e uma BOA ESPERANÇA para todos nós. Infelizmente, por causa dessa riqueza, a violência já começou a aparecer na região. Um homem de TRÊS CORAÇÕES foi morto por um garimpeiro, usando uma faca de TRÊS PONTAS, porque ele havia descoberto uma enorme TURMALINA.
Na área do desenvolvimento, a dona CONCEIÇÃO DO MATO DENTRO, proprietária da usina açucareira de URUCÂNIA, quer aumentar a fábrica e incrementar a produção de açúcar, mas para isso precisará de mais energia elétrica. Assim, tem um projeto de construir uma usina hidroelétrica aproveitando as quedas dágua da CACHOEIRA DO CAMPO, formada pelo rio PIRANGA, mas o senhor RESENDE COSTA, que é o chefe do IBAMA na região, quer embargar a obra, alegando impacto ambiental.
Falarei agora da nossa justiça. Chegou um JUIZ DE FORA, chamado EWBANK DA CÂMARA, para ocupar o lugar de BIAS FORTES, que terminou o seu mandato. Mas o CONSELHEIRO LAFAYETE, acompanhado de RAUL SOARES, pediu ao GOVERNADOR VALADARES para interceder junto ao PRESIDENTE BERNARDES para efetivar naquele cargo o SENADOR FIRMINO, que muito fez por nós.

Ele foi DESCOBERTO ainda novo, tanto que sequer usava sapatos, usava ALPERCATAS, quando estava na companhia do CORONEL PACHECO, na famosa LAGOA DA PRATA, depois daquela GOIABEIRA e daquela árvore de JANAÚBA da fazenda POUSO ALEGRE, onde tem aquela VARGINHA, às margens do RIBEIRÃO VERMELHO. Ele se tornou um homem sério e honesto, sendo de muito valor para a nossa causa. Quanto à lagoa a que me referi, dizem que ela contém ÁGUA BOA, tanto que o Aleijadinho teria se curado dos seus males tomando banho nela, por isso passou a ser chamada de LAGOA SANTA.
Dizem que um cego também lavou os olhos naquelas águas e voltou a enxergar, mas ele atribuiu esse milagre a SANTA LUZIA. Outro dia encontrei o BETIM, a MARIA DA FÉ e a ALMENARA nadando nas ÁGUAS FORMOSAS da LAGOA DOURADA, e lhe mandaram lembranças. A lagoa fica nas terras de PEDRO LEOPOLDO, onde ainda tem mais SETE LAGOAS. Avisam que estarão viajando para ALÉM PARAÍBA no próximo feriado de SANTOS DUMONT. Também lhe mandam um grande abraço o DIOGO VASCONCELOS e o JACINTO.
Agora, vou lhe contar as fofocas. O FRANCISCO SÁ teve um desentendimento com o JOÃO PINHEIRO por causa daquela LAJINHA que faz o SALTO DA DIVISA das terras dos dois fazendeiros com as terras da MARIANA, às margens do Rio PARACATU, porque dizem que ali tem muita MALACACHETA. A coisa andou quente. Um deles – não sei qual – queria agredir o outro com um MACHADO. Ainda bem que o coronel MATEUS LEME chegou na hora e evitou o PATROCÍNIO de uma morte desnecessária, e, ainda, promoveu uma NOVA UNIÃO dos dois.
Os índios AIMORÉS tentaram invadir a reserva dos índios MAXACALIS, armados de ARCOS e flechas, por causa daquela reserva de JEQUITIBÁ existente no PÂNTANO DE SANTA CRUZ, mas, felizmente, foram contidos pelas tropas da Polícia FLORESTAL comandadas pelo MAJOR EZEQUIEL, evitando um massacre sem precedentes. Os presos foram levados para o QUARTEL GERAL.
E tem mais. O ELÓI MENDES me contou, confidencialmente, que o Dr. CARLOS CHAGAS está de caso com a CONCEIÇÃO DAS ALAGOAS. A CÁSSIA, que é muito linguaruda, contou para a mulher dele, dona CRISTINA, que, imediatamente queria a separação e iria mudar-se para DIAMANTINA. Mas a dona MERCÊS, que é muito benquista por todos, conseguiu convencê-la a não tomar essa medida EXTREMA, e lhe propôs que aguardasse a chegada do seu primo, MARTINHO CAMPOS, que é um homem de mãos de FERROS, para ouvir o seu conselho. Ele achou que seria uma missão muito ESPINOSA, mas, ainda assim, aceitou o desafio. Sendo ele também um homem ponderado, sugeriu ao marido que pedisse PERDÕES à sua esposa, na presença do PADRE PARAÍSO, e assim foi feito e tudo teve um BONFIM.

Depois desta CONTAGEM dos fatos, damos graças a SENHORA DOS REMÉDIOS, SANTO ANTÔNIO DO AMPARO, SANTO ANTÔNIO DO GRAMA e SÃO TIAGO, que têm sempre protegido a nossa família para que nossas lutas tenham sempre um BOM SUCESSO.
Terminando, receba um forte abraço do seu primo MATIAS BARBOSA.





[texto recebido por e-mail sem referência à autoria]