terça-feira, junho 30

raridades

Na história da humanidade
Ímpares serão os instantes
Apoteóticos
Tais como
Atravessar o Mar Vermelho
Visualizar um Objeto Voador Não Identificado

Ou
Pirar num concerto do The Rolling Stones...







[Escrevi em Cruzília-MG # 2008]

sexta-feira, junho 26

poema batismal

Poesia...
Ah, isso trago da pia
D’água que arrepia
De tão fria
Desde o dia
Que a família sorria
Do primo à titia
E o padre benzia
Enquanto fulano escrevia
Que o meu nome seria
Maria.




[Escrevi em Lorena-SP # 1986]

quarta-feira, junho 24

extremos

Dentro do meu ser

Um fogo arde as veias

Feito o sol ao nascer.

Um gelo corta o sangue

Como na hora do morrer.



[Escrevi em Canoa Quebrada-CE # 1982]

segunda-feira, junho 22

ideias de Darwin ainda 'assustam', diz filósofo

Se Charles Darwin estivesse vivo para comemorar seu aniversário de 200 anos, hoje, é provável que haveria protestos diante de sua casa. Pesquisas mostram que, mesmo com todas as evidências científicas acumuladas nos últimos 150 anos, desde a publicação de A Origem das Espécies, a aceitação de sua teoria da evolução por seleção natural ainda enfrenta dúvidas e angústias. "Para muitas pessoas, a ideia da seleção natural é simplesmente repugnante, ameaçadora, assustadora", disse o filósofo americano Daniel Dennett, da Universidade Tufts, em Massachusetts.


Mesmo na Inglaterra, o país de Darwin, uma pesquisa divulgada na semana passada mostra que metade das pessoas não acredita na teoria da evolução - ou, pelo menos, tem sérias dúvidas sobre ela. "Sem falar, é claro, que ela derruba qualquer argumento razoável que alguém já teve para a existência de Deus. Não surpreende que tanta gente esteja sedenta por evidências que questionem a teoria."

Segundo ele, porém, o fato de sermos produtos dos genes não significa que estejamos subordinados a eles. "Nossa autonomia é real, mas não é absoluta - nem tão misteriosa nem miraculosa. Ela evoluiu da mesma forma que nossos olhos e nossa memória. Nossa liberdade é um produto da evolução. Se as pessoas entendessem isso - algo que, admito, está longe de ser óbvio - elas não se sentiriam tão ameaçadas pela ideia de uma ciência materialista que explique a existência humana. Essa ciência não substituiria a ética, as artes ou as humanidades; ela seria sua fundação."


[Publicado no jornal O Estado de S. Paulo # 12.fev.2009]

quarta-feira, junho 17

o teatro na história da educação


Para entender a importância da presença do Teatro nas concepções educacionais ao longo da História, é preciso conceber o conceito de jogo dramático. Também denominado jogo lúdico, ou simplesmente jogo, caracteriza-se por improvisações coletivas (desde a criação à representação) propostas a partir de desafios, temas e situações. Segundo CHATEAU citado por REVERBEL (2006: 35), não se pode imaginar a criança sem seus riscos e seus jogos.

Sabe-se hoje que o jogo é essencial para que a criança desenvolva suas potencialidades cognitivas, enriqueça a sua personalidade e construa a sua adolescência. Entretanto, lá no século V a.C. ele já recebera atenção especial da educação grega, devido à percepção de sua eficácia como ferramenta pedagógica.

Tanto Platão, quanto Aristóteles recomendavam o emprego do lúdico como iniciação do processo de formação de um bom cidadão, motivados por experimentações que comprovaram maiores possibilidades de aprendizado a partir de atividades prazerosas.

Paralelamente, as escolas romanas – que literalmente espelhavam-se na pedagogia praticada na Grécia – adotaram aquele que chamavam de treino da habilidade de imitar na educação de seus jovens, pois as observações do pensador Horácio identificaram no exercício do jogo um excelente professor da ética e da moralidade.

Após o declínio do império ostentado por Roma, a participação do Teatro no ambiente escolar ocidental manteve-se modesta até as primeiras décadas do cristianismo.

E praticamente desapareceu no obscurantismo do período medieval, quando todas as manifestações teatrais foram comparadas aos rituais pagãos e reprimidas energicamente pela Igreja Católica, que havia se tornado o alvo predileto das ferozes ironias apresentadas, clandestinamente, pelos cantores ambulantes e por grupos de saltimbancos, nas feiras e nos circos.

Foi a partir do século IX que o ensino de técnicas teatrais intensificou-se nas numerosas escolas implantadas nos domínios do Império Romano-Germânico, por toda a Europa.

As idéias aristotélicas de São Tomás de Aquino contribuíram muito para esse avanço, convencendo o catolicismo a permitir, pelo menos, as encenações estudantis de caráter lúdico.

Esse reaproveitamento do potencial educativo do Teatro, através das adaptações de lições morais e dos mistérios cristãos às representações cênicas, estendeu-se até o Renascimento.

As academias renascentistas valorizaram a oratória, incentivando a dramatização de diálogos extraídos dos textos clássicos, elevando consideravelmente o prestígio das peças encenadas por professores e estudantes.

As escolas inglesas, francesas, italianas e alemãs utilizaram os jogos dramáticos para aprofundar a didática da linguagem e refinar as habilidades artísticas de seus alunos.

Paulatinamente, o Teatro ocupou todos os espaços que lhe foram oportunizados no campo educacional, até se confrontar com o radicalismo puritano.

Na transição entre os séculos XVI e XVII, grande parte do pensamento intelectual europeu foi ditada pelo Puritanismo, que usou suas rígidas interpretações bíblicas como justificativa para afastar a arte das escolas. As raras expressões teatrais, então, só eram permitidas se fossem apresentadas em latim e não imbuíssem conotações pedagógicas.

Depois de mais de oito décadas reprimindo e manipulando a cultura e a educação, o rigor dos plesbiterianos cedeu lugar aos ares liberais soprados, especialmente, sobre a França e a Inglaterra.

Os novos caminhos pedagógicos não tardaram a espalhar-se pelos demais países ocidentais. E, nos últimos três séculos, têm reforçado e aperfeiçoado o papel educativo do jogo teatral, com a persistência dos filósofos, pensadores, cientistas, teatrólogos, pedagogos, educadores e educandos que vêm se sucedendo na criação de propostas inovadoras para os processos de ensino e de aprendizagem.


Item 2 do Capítulo 1 da monografia UNIPAC - CDD 792.021
"A contribuição do teatro para o sucesso cognitivo na educação pública de Minas Gerais"
autor: Dalton Araújo Galvão de França


terça-feira, junho 16

um momento


Na solidão
do cigarro queimando,
levanto fumaças
que encadeiam-se
no teto absoluto
deste meu

pesadelo invernal.




[Escrevi em São Paulo-SP # 1984]

quarta-feira, junho 10

sou budista

"Sou budista e toda a minha formação foi de acordo com a doutrina budista ou o Darma do Buda. Embora eu fale a partir da minha própria experiência, para mim ninguém tem o direito de impor suas crenças a outra pessoa. Não vou lhes afirmar que meu caminho é o melhor. A decisão cabe a cada um. Se concluírem que algum ponto talvez lhes seja conveniente, vocês poderão fazer suas próprias experiências. Se concluírem que ele não tem nenhuma utilidade, poderão descartá-lo."


[Sua Santidade, o Dalai-Lama; in O Livro da Sabedoria, pág. IX]

domingo, junho 7

the day after



6 de junho


Dia Cósmico do Ocoambiente!

sexta-feira, junho 5

dia do que mesmo?



Eu quase já nem tenho

Mais nenhum ambiente

Nesse nosso planetinha

Bastante desobediente!

segunda-feira, junho 1

ver, ser, viver

Não sei quantas vezes morri
Nem quantos copos bebi
As ondas não cessam
Aquelas sinfonias solitárias
As pessoas, quando eu morro,
Estão sempre solidárias

Por que a gente morre
Tanto assim?
Por que a música
Não tem mais fim?
Eu queria que alguém
Contasse também pra mim


Quem dera encontrar
Esse alguém pela estrada
Uma menina que se importasse
Com o sol e com a lua
E que não vivesse apenas
De uma verdade crua

E que olhasse o mar
Como se pode ver
E que soubesse amar
Como se pode ser
E que não morresse muito
Antes de um pouco viver.





[Escrevi em Canoa Quebrada-CE # 1981]