quarta-feira, dezembro 23

natividad


Hoje é o grande dia
De se entregarem vagos
À viagem dos reis magos

As mesas fartas de amor
Contagiam ruas e calçadas
Da cidade de brilho multicor

Os mais quentes bebem
Os mais crentes rezam
Porém todos esquecem

Que aquele que nasce
Também logo morre
Com ou sem razão

Vítima do velho tempo
Da própria desesperança
Ou da alheia incompreensão.



[Escrevi em Natal-RN # noite de 24 de dezembro de 1981]


sexta-feira, dezembro 18

a sexta das doze tarefas


@ por Martin Schulman, astrólogo inglês; diretor da Essene School of Astrology; autor de diversos trabalhos a respeito da astrologia hindu.


E naquela manhã, Deus compareceu ante suas doze crianças e em cada uma delas plantou a semente da vida humana. Uma por uma, cada criança deu um passo à frente para receber o dom que lhe cabia...


“A ti, VIRGO, peço que empreendas um exame de tudo o que os homens fizeram com Minha criação. Terás de observar com perspicácia os caminhos que percorrem e lembrá-los de seus erros, de modo que através de ti Minha criação possa ser aperfeiçoada. Para que assim o faças, eu te concedo o dom da pureza de pensamento.”

[Alegoria publicada originalmente como posfácio do livro Karmic Astrology the Moons Hodes and Reincarnation; Wellingborough; Nortthamptonshire; The Aquarian Press; 1977]

segunda-feira, dezembro 14

objetos de prazer


"Ora, quando falamos sobre objetos de prazer, desejo ou bem-estar material, a literatura budista menciona cinco tipos de objetos de desejo: sensações táteis, de forma, som, cheiro e sabor. Se esses objetos de prazer irão produzir felicidade, satisfação e contentamento ou, pelo contrário, se resultarão em sofrimento e insatisfação depende muito do nosso modo de aplicar a faculdade da nossa inteligência. Nosso comportamento no dia-a-dia é o fator principal para determinar se eles realmente geram satisfação duradoura e autêntica ou não. Muito depende da nossa própria atitude. E para esse fator mental a motivação é o que mais conta."






[Sua Santidade, o Dalai Lama; in O Livro da Sabedoria, pág.20]

sexta-feira, dezembro 11

natal em natal




Essa é a vez
Do papai noel tropical
Barrigudo de cerveja
E curtido de sal

Montado num jegue
- habitando pijamas -
Flerta com quem o segue

Masca chicletes
Fuma cigarros
Não atura pivetes

Sujeito legal
Meio anormal
Só dá presentes
No sábado de carnaval.





[Escrevi em Natal-RN/Cruzília-MG # 1981/2009]

sexta-feira, dezembro 4

a quinta das doze tarefas


@ por Martin Schulman, astrólogo inglês; diretor da Essene School of Astrology; autor de diversos trabalhos a respeito da astrologia hindu.


E naquela manhã, Deus compareceu ante suas doze crianças e em cada uma delas plantou a semente da vida humana. Uma por uma, cada criança deu um passo à frente para receber o dom que lhe cabia...


“A ti, LEO, atribuo a tarefa de exibir ao mundo Minha criação em todo o seu esplendor. Mas deves ter cuidado com o orgulho e sempre lembrar que é Minha criação, e não tua. Se o esqueceres, serás desprezado pelos homens. Há muita alegria em teu trabalho, basta fazê-lo bem. Para isso, Eu te concedo o dom da honra.”


[Alegoria publicada originalmente como posfácio do livro Karmic Astrology the Moons Hodes and Reincarnation; Wellingborough; Nortthamptonshire; The Aquarian Press; 1977]

terça-feira, dezembro 1

a quarta das doze tarefas


@ por Martin Schulman, astrólogo inglês; diretor da Essene School of Astrology; autor de diversos trabalhos a respeito da astrologia hindu.


E naquela manhã, Deus compareceu ante suas doze crianças e em cada uma delas plantou a semente da vida humana. Uma por uma, cada criança deu um passo à frente para receber o dom que lhe cabia...



“A ti, CÂNCER, atribuo a tarefa de ensinar aos homens a emoção. Minha idéia é que provoques neles risos e lágrimas, de modo que tudo o que eles vejam e sintam desenvolva uma plenitude desde dentro. Para isso Eu te dou o dom da família para que tua plenitude possa multiplicar-se.”


[Alegoria publicada originalmente como posfácio do livro Karmic Astrology the Moons Hodes and Reincarnation; Wellingborough; Nortthamptonshire; The Aquarian Press; 1977]


sábado, novembro 28

toda nudez será questionada


“Ainda que um homem e uma mulher fiquem sem roupas, trancados num quarto, entregues às infinitas possibilidades do jogo erótico, não significa que estejam nus. Estão despidos.

Nudez é outra coisa.

É enfiar a faca até ao cabo, arrebatar a lua com as mãos, destapar todos os recônditos da alma, os mais obscuros e ínfimos. Se nem suportamos ficar nus diante de nós mesmos, quanto mais diante dos outros!”

[Frei Beto, in A Arte de Semear Estrelas]

quarta-feira, novembro 25

a terceira das doze tarefas


@ por Martin Schulman, astrólogo inglês; diretor da Essene School of Astrology; autor de diversos trabalhos a respeito da astrologia hindu.


E naquela manhã, Deus compareceu ante suas doze crianças e em cada uma delas plantou a semente da vida humana. Uma por uma, cada criança deu um passo à frente para receber o dom que lhe cabia...


“GÊMEOS, a ti Eu dou as perguntas sem respostas para que possas levar a todos um entendimento daquilo que o homem vê ao seu redor. Tu nunca saberás por que os homens falam ou escutam, mas em tua busca pela resposta encontrarás o Meu dom reservado para ti: o conhecimento.”


[Alegoria publicada originalmente como posfácio do livro Karmic Astrology the Moons Hodes and Reincarnation; Wellingborough; Nortthamptonshire; The Aquarian Press; 1977]


sexta-feira, novembro 20

a segunda das doze tarefas


@ por Martin Schulman, astrólogo inglês; diretor da Essene School of Astrology; autor de diversos trabalhos a respeito da astrologia hindu.


E naquela manhã, Deus compareceu ante suas doze crianças e em cada uma delas plantou a semente da vida humana. Uma por uma, cada criança deu um passo à frente para receber o dom que lhe cabia...


“TOURO, a ti Eu dou o poder de transformar a semente em substância. Grande é a tua tarefa e requer paciência, pois tens de terminar tudo o que foi começado, para que as sementes não sejam dispersadas pelo vento. Não deves, assim, questionar e também não deves mudar de idéia no meio do caminho, nem depender dos outros para a execução do que te peço. Para isso, Eu te concedo o dom da força. Trata de usá-la sabiamente.”



[Alegoria publicada originalmente como posfácio do livro Karmic Astrology the Moons Hodes and Reincarnation; Wellingborough; Nortthamptonshire; The Aquarian Press; 1977]


quarta-feira, novembro 18

a primeira das doze tarefas


@ por Martin Schulman, astrólogo inglês; diretor da Essene School of Astrology; autor de diversos trabalhos a respeito da astrologia hindu.


E naquela manhã, Deus compareceu ante suas doze crianças e em cada uma delas plantou a semente da vida humana. Uma por uma, cada criança deu um passo à frente para receber o dom que lhe cabia...




“Para ti, ÁRIES, dou a primeira semente para que tenhas a honra de plantá-la. Para cada semente que plantares, mais outro milhão de sementes se multiplicará em tuas mãos. Não terás tempo de ver a semente crescer, pois tudo que plantares criará mais e mais para ser plantado. Tu serás o primeiro a penetrar o sol da mente humana levando Minha idéia. Mas não cabe a ti alimentar e cuidar dessa idéia, nem questioná-la. Tua vida é ação, e a única ação que te atribuo é a de dar o passo inicial para tornar os homens conscientes da Minha criação. Por esse trabalho, Eu te concedo a virtude do respeito por ti mesmo.”



[Alegoria publicada originalmente como posfácio do livro Karmic Astrology the Moons Hodes and Reincarnation; Wellingborough; Nortthamptonshire; The Aquarian Press; 1977]


quarta-feira, novembro 11

uai sô!



De acordo com a colaboração do leitor Saulo Santiago para uma edição do jornal Correio Brasiliense, o odontólogo Sílvio Carneiro e a professora Dorália Galesso, incentivados pelo ainda presidente Juscelino Kubitschek, pesquisaram a origem da expressão popular mais utilizada pelos mineiros, o famoso uai.

Após exaustivas buscas nos anais da Arquidiocese de Diamantina e em antigos arquivos do Estado de Minas Gerais, os pesquisadores encontraram uma explicação de provável confiabilidade.

Os inconfidentes mineiros, considerados subversivos pela Coroa portuguesa, comunicavam-se através de senhas para se protegerem dos soldados imperialistas. Como conspiravam em porões e sendo quase todos de origem maçônica, recebiam os companheiros com as três batidas clássicas da Maçonaria nas portas dos esconderijos.


Lá de dentro perguntavam: - quem é? E lá de fora vinha a resposta: - uai (as iniciais de união, amor e independência). Apenas mediante o uso dessa senha a porta era aberta.

Conjurada a revolta, sobrou a senha que acabou tornando-se costumeira entre o povo das Alterosas. Os mineiros assumiram a simpática palavrinha e, a partir de então, a incorporaram ao vocabulário cotidiano, quase tão indispensavelmente como ‘trem’. Assunto para uma futura postagem...

quinta-feira, novembro 5

“O para sempre é composto de agoras.”




[Emily Dickinson]

sexta-feira, outubro 30

sabores

Gostosa canela:
casca seca
de uma árvore bela



Gostoso quadril:
carne úmida
de uma paixão febril.




[Escrevi em Cruzília-MG # 2000]

sábado, outubro 24

autonota de falecimento



Morro enfim,
Alegre perante um copo
Morro cedinho
Com a cidade nascendo
Morro sutilmente
Leve e cintilante
Olhando para o espelho
E com a alma sorrindo
Morro barbudo despenteado
De anel e pulseira
Morro cantando
Morro esperando

Nem lembro o que deixo
Nem sei o que foi
Perdi a conta
Mas morro sabendo
O tudo do nada
Morro assim,
Talvez querendo
Morro de vez
Besta de tesão
Morro acordando
Nesse mesmo velho balcão.



[Escrevi em Lorena-SP # 1979)

sexta-feira, outubro 16

águas



Em outubro de 1982 - quando os Saltos de Sete Quedas, no Rio Paraná, desapareceram sob as águas do lago artificial criado para a implantação da hidrelétrica de Itaipu - uma exaustiva polêmica tomou posse do Brasil, proporcionando diversas manifestações populares. Entre elas...




Cadeias
Homônimas
Moléculas
Atômicas
Cabeças
Atônitas

Sete corpos
Sete nuvens
Sete pragas
Sete ilhas
Atômicas

Sete chaves
Sete deuses
Sete chuvas
Sete tombos
Atômicos

Sete saltos
Sete dias
Sete medos
Sete mortos
Atônitos.




[Escrevi em São Paulo-SP # 1982]


segunda-feira, outubro 12

ruminâncias


Dentro do útero eu já mascava.
É, triturava as angústias de minha mãe.
Em seguida, masquei seu próprio seio nem dente tendo para o recreio.
Logo comecei a mascar banana, batata e outros chicletes naturais.
Então foi que veio a maldita carne: mascava, mascava, mascava, mascava, mascava, mascava, mascava, mascava, mascava e da garganta não passava (não suportava a idéia de engolir cadáveres).
Depois, além de mascar, descobri que poderia numa só tacada grudar a boca e o nariz. Comecei a fazer bolas e mais bolas, mascando é claro.
Pintaram umas mascagens esotéricas também: hóstias, cibalenas, pontas de cigarro, baganas, beiço enraivecido, aulas de matemática, horas pra chegar etc. Masquei minha adolescência direitinho.
Certa tarde masquei o dedo do dentista.
Segui mascando - haja maxilar!
Masquei obrigado; não muito engraçado.
Vi bichos que não paravam de mascar. Dia e noite, era só mascando.
Masquei de pé, deitado, sentado, dormindo e acordado.
Masquei palitos, línguas e folhas.
Hoje masco minhas rugas e gengivas.
Acho que mascarei formigas para tirar o gosto do suco gástrico apodrecido em meu estômago falecido.
Quanto a vocês, continuem mascando a democr...
Digo, a hipocrisia.




[Escrevi em São Paulo-SP # 1984]

quarta-feira, outubro 7

poetas...

Ainda sobrevivem aos nãos
Ainda escrevem com os pés
Ainda correm com as mãos.




[Escrevi em Canoa Quebrada-CE # 1981]

sexta-feira, outubro 2

futuro



"Se contemplarmos a humanidade como um todo, veremos que somos animais sociais. Além disso, as modernas estruturas da economia, da educação e de outras atividades demonstram que o mundo se tornou um lugar menor e que nós dependemos muitos uns dos outros. Nessas circunstâncias, creio que a única opção é viver e trabalhar juntos em harmonia, tendo em mente o interesse da humanidade como um todo. Essa é a única perspectiva e o único método que devemos adotar para nossa sobrevivência."







[Sua Santidade, O Dalai Lama; in O Livro da Sabedoria, pág.100]


quarta-feira, setembro 30

e as gracinhas continuam...



Já passou da hora

de colocar uma vassoura

atrás da porta

da embaixada!


domingo, setembro 27

protegendo crianças de todas as idades


Ao abir a primeira página do site globo.com deparei-me com a notícia (reproduzida no final do post) que foi o estopim desta referência aos gêmeos Cosme e Damião devotados especialmente pelos fiéis ao candomblé, bem como pelos católicos.

Meu primeiro contato com os garotos aconteceu em Lorena, na Tenda de Caridade Cabocla Jandira. Dos primeiros anos da infância até a pré-adolescência eu acompanhei a minha avó Idialina a esse templo umbandista, onde ela exercia as funções de cambona. A imediata empatia com a religiosidade espírita ocorreu naturalmente. Todos os rituais ali praticados despertavam-me uma agradável mistura de perplexidade e curiosidade.

Daquele tempo, porém, as festas de Cosme & Damião foram os eventos que ficaram registrados em minha memória com maior clareza. Doces, bolos, balas, brinquedos e roupas eram arrecadados pela comunidade lorenense e distribuídos no dia vinte e sete de setembro a todas as crianças que compunham a fila que atingia a calçada da edificação. E os trabalhos espirituais invocando a proteção das entidades eram envolvidos por uma atmosfera fantástica, profunda e verdadeira.



Mas, o que tudo isso tem a ver com a notícia? Acontece que a Teresa caiu nas minhas graças pelo exemplo ímpar de lucidez, bom humor, determinação e energia - embora estando prestes a completar dez décadas de existência física - percebido apenas em espíritos que exalam a Luz da Juventude.

Portanto, no meu entender, a jovem anciã também desfruta da simpatia dos meninos-santos que, com toda certeza, a cobrirão de bençãos e iluminarão a conquista de seu nobre objetivo.

Sendo eternamente - e deliciosamente - peraltas, não duvido que eles até façam uma boquinha de urna para ajudá-la a ser eleita...




Domingo é dia de eleições em Portugal. Uma campanha em especial está dando o que falar. E não é do candidato favorito.
As pesquisas apontam a reeleição do atual primeiro-ministro, José Sócrates. Mas com a crise econômica, o partido socialista, liderado por ele, deve perder a maioria absoluta no Parlamento. A principal adversária é Manuela Ferreira Leite, do partido social-democrata, que deve continuar na oposição. O ar sério da dama de ferro portuguesa não entusiasmou os eleitores. Nas eleições de Portugal, o ritmo da campanha é fortíssimo. Por isso, o país inteiro se espantou com a decisão de Teresa dos Santos Lopes. A candidata mais velha do país está estreando na política aos 97 anos. “A minha memória está novinha!”, diz.

O primeiro objetivo político é modesto. Ela só quer ser vereadora em Vila Franca da Beira, onde votam pouco mais de 500 pessoas. Na longa caminhada eleitoral, a bengala e duas filhas são companheiras fiéis.
Mas é dona Teresa quem conquista cada voto. “Estou coxa das pernas, dos meus braços não faço nada, nem das minhas mãos, mas a linguinha está muito boa, graças a Deus”, alfineta a candidata. Sobram forças para convencer os eleitores e a campanha é só o começo. Dona Teresa quer mesmo chegar ao fim do mandato, quando terá 101 anos de idade. O discurso afiado da vovó é em defesa dos jovens.
Ela decidiu ser candidata quando viu uma neta sem dinheiro para estudar. “Coitadinha, está em casa, sem ter livros para ir a escola. O governo que olhe para estas crianças, que olhe para esta juventude”, defende. Ideias valiosas para qualquer país.
E uma vontade de resolver os problemas do mundo inteiro. “Eu, se tivesse pernas, ia para o Brasil a pé”, finaliza.


quinta-feira, setembro 24

o teatro na história


Apesar de ter a sua origem veementemente creditada à Grécia da Antiguidade, vale ressaltar que o Teatro – como recurso instintivo de expressão, comunicação e diversão – manifestou-se espontaneamente nas mais variadas regiões do planeta, no seio dos mais primitivos agrupamentos humanos e em diferentes momentos históricos.

Descobertas arqueológicas datadas de aproximadamente dois mil e quinhentos anos antes da dramaturgia grega florescer para a civilização ocidental reconheceram evidências de encenações criativas (previamente elaboradas) no Egito, especificamente destinadas a cultuar os deuses Ísis e Osíris, a ilustrar cerimônias fúnebre-religiosas e a entreter faraós.

Um milênio depois, na dinastia Hsia, o Teatro estava incorporado à cultura chinesa, exaltando conquistas militares, reverenciando divindades e repassando tradições populares. Concomitantemente, muitas nações desenvolveram modalidades teatrais próprias. A Coréia foi uma delas. Outra foi a Índia, inspirada nos poemas épicos Mahabharata e Ramayana. Entretanto, somente no Século de Péricles (quinhentos anos antes da era cristã) o Teatro recebeu roupagens semântica e ortográfica.

A palavra Theatron derivou-se da combinação do verbo ver com o substantivo panorâmico, e resultou lugar de onde se vê. Além disso, os gregos foram os primeiros a tecer-lhe uma concepção conceitual respeitada, estudada e praticada até os dias atuais.



Inicialmente, apenas as declamações em coro integravam as homenagens a Dionísio: o deus que, segundo sua mitologia, ensinara a humanidade a cultivar a uva e aventurar-se na euforia provocada pelo consumo do vinho. Até que um ator chamado Thespis rompeu com esse modelo e passou a protagonizar os esquetes trágicos que escrevia, num palco improvisado em sua carroça. Viajando por Esparta, Corinto, Megara e Epidauro, despertou a simpatia da população, incentivou outros atores e estimulou a formação de caravanas cênicas.

O repentino sucesso conquistado pelo autor fez com que o Teatro rapidamente adquirisse status de principal entretenimento popular. Preocupado, o ditador Psístrato instituiu um concurso a fim de aproximá-lo do governo ateniense. Dessa maneira poderia manipular as idéias defendidas pelos heróis das tragédias e induzir o povo a identificar-se com os interesses da ditadura. Thespis venceu o primeiro, dos muitos concursos que ainda foram realizados. O Estado obrigou as famílias ricas a custear novos espetáculos e construir espaços apropriados para os eventos.

O Teatro tomou proporções estrondosas, a ponto de passar a nomear também a trama que é vista e a linguagem utilizada para se fazer ver. A velha carroça cedeu lugar para auditórios grandiosos, ao ar livre, com delimitações estrategicamente definidas: o PALCO (misto de coxia e camarim, onde as cenas eram preparadas), a ORQUESTRA (arena circular na qual efetivamente os atores e o coro atuavam) e a ARQUIBANCADA (assentos edificados obedecendo a inclinação de uma colina).

As tragédias de Ésquilo, Sófocles e Eurípedes enalteciam o confronto dos homens com as adversidades do destino e evidenciava a nobreza dos sentimentos, enquanto Aristófanes, Menandro, Posidipo e Dífilas satirizavam em suas comédias o comportamento hipócrita e mesquinho da aristocracia daquela sociedade. Em menos de um século, a evolução dessa estrutura levou o Teatro para além das fronteiras helênicas.

Importado pelo Império Romano, a princípio foi apenas copiado. Quando conquistou a simpatia das camadas populares e da burguesia, construiu identidade românica e ganhou espaço até nos intervalos das lutas de gladiadores. Dois “imitadores” das comédias gregas se destacaram: Plauto e Terêncio. Já a tragédia romana ficou caracterizada por obras que foram mais lidas do que encenadas. A modalidade tem no filósofo Lúcio Aneu Sêneca seu expoente e sua maior curiosidade. Em sua vida pessoal, Sêneca enfrentou três tragédias reais. Mais do que prestígio, Roma forneceu ao Teatro o passaporte que possibilitou prosseguir sua viagem pela História.


Durante grande parte da Idade Média, ele resistiu às severas perseguições empreendidas pela Igreja Católica, a mesma que depois, incoerentemente, passou a usá-lo para persuadir conversões às suas doutrinas. No Renascimento multiplicou-se pela Europa, legando talentos como William Sheakespeare (Inglaterra), Molière e Pierre Corneille (França), Lodovico Ariosto e Niccolò Machiavelli (Itália), Lope de Rueda (Espanha), Gil Vicente (Portugal) e Hans Sachs (Alemanha).

A partir do Iluminismo a cultura teatral renovou-se e expandiu-se pelo mundo moderno: atravessou as turbulências dos anos 1800, surpreendendo, avançando, recuando, desdobrando-se, adaptando-se e reinventando-se; e retratou, com muita coragem, as transformações políticas, sociais, éticas, culturais, artísticas, filosóficas e educacionais dos últimos cem anos.

Enfim, o Teatro está aí. Sobrevivido, revitalizado e apto a encarar os desafios que certamente virão com este novo milênio.




Tópico 1 do Capítulo 1 da monografia UNIPAC-CDD 792.021
"A contribuição do teatro para o sucesso cognitivo na educação pública de Minas Gerais"
Autoria: Dalton Araújo Galvão de França

quinta-feira, setembro 17

formigando


More na aurora do tempo, da chuva e do vento.

Promova o grito da alma e a esperança dos anos.

Exale os anseios da mente, dos ossos e da semente.

Chore com as crianças nascidas da paz.

Pinte o céu no brilho dos teus olhos.

E, mais do que sempre,

Viva!







[Escrevi no Rio de Janeiro-RJ # 1977]

sexta-feira, setembro 11

verso rural

Da roça, o alimento

Da vida, os sabores

Do solo, o pigmento

Do sonho, os amores.







[Escrevi em Cruzília-MG # 2008]

domingo, setembro 6

picasso, um senhor do seu tempo

Pablo Ruiz Picasso (1881-1973) é um dos grandes mitos da pintura do século XX. E foi uma das personalidades mais revolucionárias e polêmicas que a Arte conheceu. Criou um estilo próprio e inconfundível de desenhar e pintar. Arriscou-se também pelos terrenos da escultura, da cerâmica e da cenografia.





Após um breve flerte com o Dadaísmo e com o Surrealismo, pintou a tela Les demoiselles d’Avignon [a última ilustração da postagem] e passou a ser reconhecido como o “inventor” do Cubismo, movimento caracterizado pelo traço simplificado das formas básicas, porém jamais se distanciando da realidade.




No início, sua ousadia foi muito incompreendida e criticada pelo grande público e também por seus amigos artistas. Nada surpreendente, pois isso sempre acontece com os gênios.
Apesar de sua conturbada vida amorosa e de seu grande apreço pela boemia, viveu os últimos anos de sua vida no interior da França (região de Midi), casado e mantendo uma primorosa e constante produção pictórica.



segunda-feira, agosto 31

tempo firme


Entretanto, o vento movia
As retinas da esquecida tarde
Esqueci até seu sobrenome
Talvez por impaciência;
Passavam trens
Cantavam pássaros
O minuto não era um minuto

Por mais que se olhe
O azul do fim do mundo
O final da noite
Será apenas mudo;
Despencavam folhas
Ciscavam galinhas
O minuto era o minuto

Engraçado, quase não rima
Esta vontade de voar
O liquidificador liquida
A tortura da espera;
Dormiam cães
Tocavam músicos
Um minuto não era o minuto.




[Escrevi em São Paulo-SP # 1986]

terça-feira, agosto 25

cronologia


"A idade de uma pessoa

é a idade do seu último sonho".




(RUBEM ALVES)

sexta-feira, agosto 21

raul

Ontem foram especialmente lembrados os vinte anos sem a presença física de Raul Seixas entre nós. Há trinta e três outonos tive a oportunidade de - ao vivo - ver, ouvir e pirar com suas performances pela primeira, única e última vez. Foi no Sol, Som e Surf, um festival realizado em 1976 num estádio de futebol de Saquarema, no estado do Rio de Janeiro.



Eu e os meus amigos Cambuca, Vicente, Ricardo, Ivo e João Carlos embarcamos no "Trem de Aço" em Lorena [cidade do vale do paraíba paulista onde nasci e vivi meus primeiros dezoito anos de vida] rumo ao Rio de Janeiro. Dormimos na casa do pai do Vicente em São Cristóvão. No dia seguinte atravessamos a baía da Guanabara a bordo da barca. A partir de Niterói, pegando algumas caronas, finalmente chegamos à já efervescente cidadezinha fluminense, engordando ainda mais a eclética platéia do evento.

Para a hospedagem levamos um pára-quedas usado. Ao ser armado e esticado transformou-se num tipo de tenda circense que se destacou marcantemente em meio ao turbilhão de barracas multicoloridas compactadas nas areias da principal praia do lugar, como uma miniatura dos pastos de Woodstock.

Durante dois dias ficamos deslumbrados com as manobras radicais executadas pelas feras do surf que disputavam uma etapa de algo assim como um circuito nacional da modalidade.

Durante duas noites revivemos o astral do Festival de Águas Claras, acontecido no ano anterior em uma fazenda do município paulista de Iacanga, e curtimos o melhor de então do autêntico e pulsante rock and roll tupiniquim.

No sábado subiram ao palco os grupos Made in Brazil e Bixo da Seda. Fechando, vieram Rita Lee & Tutti Frutti. Arrebentaram.


@ coleção Dalton França @


No domingo foi a vez do grupo Flamboyant, Angela Ro-Rô, Ronaldo Resedá e, finalizando espetacularmente, Raulzito.

Magérrimo, escondido sob uma cabeleira 'black-power' e atrás de lentes escuras, entrou em cena, caminhou até o pedestal do microfone, congelou-se, pensou um pouquinho, coçou a cabeça como um enorme gorila e esbravejou na lata: O que é que eu vou fazer com a cabeça de vocês?

Em seguida ouvimos um estrondo. Foi a porrada que ele deu nas cordas da guitarra para puxar "Gita". Daí em diante, Deus tomou conta de nós...

Saudações terráqueas, Raul Seixas!


Durante a vida inteira o indivíduo em questão, além de musicar, instigou...



terça-feira, agosto 18

piscar


Meus olhos se esforçam

Por um milímetro a menos

No esforço compreendido entre a Razão


E a razão para não possuí-la...



[Escrevi no Rio de Janeiro-RJ # 1979]

sábado, agosto 15

woodstock

Trilha sonora da minha efervescência hormonal adolescente...
Trilha sonora da fundamentação do meu pensamento sociopolítico...
Trilha sonora do meu inevitável enveredamento pela arte...
Trilha sonora dos meus intermináveis days of peace and love...

OUÇA ESPECIALMENTE
Canned Heat, Carlos Santana, Country Joe McDonald,
Jefferson Airplane, Jimi Hendrix, Joe Cocker,
John Sebastian, Ravi Shankar, Ten Years After
e

o magistral Richie Havens.