sábado, maio 16

velhos e bons tempos


Em 1977 saí de Lorena para morar no Rio de Janeiro; no final de 1979 eu já estava hospedado na casa de amigos em São Paulo, no tradicional bairro da Bela Vista, aguardando a virada da década e as novas perspectivas estudantis e profissionais.Antes disso, tinha estado na capital paulista apenas cinco vezes, permanecendo, em média, sete a oito horas em cada uma delas.
A primeira vez, em 1968, foi uma inesquecível ‘viagem de negócios’. Eu, meus avós paternos - Vó Idialina e Pai João - mais o número máximo de pessoas, além de nós e do motorista, que cabiam em uma Kombi, fomos à grande loja do Baú da Felicidade, localizada na já e sempre efervescente Rua Augusta. A empresa e o programa do Sílvio Santos estavam no auge. Todas aquelas pessoas pra lá se dirigiram a fim de trocar seus carnês já quitados por mercadorias – o grande filão de fidelidade do inteligente empresário judeu. Dias antes da viagem eu fiz porque fiz de tudo para ser incluído na lista de passageiros. Sabem pra que? Eu desejava ardentemente que minha avó me presenteasse com a uma calça jeans – artigo de luxo para um menino lorenense de 10 anos que já se achava um homenzinho e já estava ligado nos Beatles e na Jovem Guarda. Como eu era o xodó (primeiro neto já viu, né?), embarquei. E trouxe, agarrada aos cambitos, a minha primeira calça Lee. "Legítima"!


A segunda aconteceu um ano depois, quando o meu Tio Cid (marido da irmã de minha mãe, Tia Ignez) – sãopaulino roxo – levou-me ao Estádio Municipal do Pacaembu para assistir uma rodada dupla do "Torneio Roberto Gomes Pedrosa" (antecessor do Campeonato Brasileiro). Para minha sorte, a primeira partida – iniciada às 18h00 – foi Santos X Bahia. O ‘peixe’ só empatou e eu vi Pelé jogando pela primeira vez... em carne, osso e genialidade.
Já o segundo jogo superou de longe essa emoção. Pela primeira vez eu – também já sãopaulino roxo – pude assistir pela prima ocasião o São Paulo Futebol Clube jogar e ganhar por três a dois da equipe do Fortaleza. Terto e Paraná fizeram os gols. Eu que até então os conhecia apenas através das fotos da Revista dos Esportes e ouvia seus nomes – num radinho de pilha – através das emocionantes narrações do Fiori Giliotti na Rádio Bandeirantes, estava ali pertinho vendo-os vestidos com a camisa tricolor, ‘comendo’ a bola com muita técnica e elegância.

As outras idas à ‘capital’, antes de lá fixar residência em 1980, aconteceram em 1973 (show do Alice Cooper no Anhembi), em 1974 (encontro de grupos escoteiros paulistas nos jardins do Museu do Ipiranga; tive também o privilégio de viajar, pela primeira vez, nos trens do recém inaugurado metrô paulistano) e em 1975 (com a galera do 'Colégio São Joaquim' de Lorena, numa participação em um concurso de fanfarras).

Então! Esses foram os meus primeiros passos na terra da garoa.

8 comentários:

  1. Meu bom amigo Dalton essas lembranças emocionam E você com aquela idade descobrindo as belezas de outra cidade jamais esquecera.Vejo ai pelas fotos os carros e onibus antigos. Mestre é bom relembrar.

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  2. Antonio, é muito bom relembrar um tempo em que as coisas tinham sabor e as pessoas tinham valor. É muito bom relembrar pequenos gestos e únicas situações que preencheram a nossa alma com prazer.
    Grande abraço, poeta!

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  3. Olá, Dalton!!! Muito bom ler seu texto e fazer esa "viagem no tempo". Aquela máxima antiiiga : "recordar é viver", é perfeita, concorda?
    Que bom, tb, que vc curtiu a vitória do São Paulo. Ainda bem que o jogo não foi com o Flu... rs

    Adorei as fotos !!!
    Beijos

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  4. Realmente, Lau, a minha infância foi muito saudável, travessa e cheia de aventuras que não consigo esquecer até hoje.
    Um beijo!

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  5. Passei para lhe desejar uma excelente semana, abraço

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  6. Valeu, amigo e poeta Valter.
    Um grande abraço!

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  7. Dalton, querido amigo a Bela Vista, popular Bixiga, é o bairro do meu coração, lá nasci, na Rua Maria José, hoje infelizmente como as demais ruas deteriorada, o bairro boêmio, virou "droquemeou", eu sempre disse:"o dia que tiver que sair do bixiga, mudo de cidade", foi o que fiz, doe meu coração ver como meu bairro e minha Sampa, estão, quantas lembranças maravilhosas de minha infância, juventude e a entrada da quase melhor idade, confesso que tive infância, suas lembranças da velha e querida R. Agusta, são as melhores, pois hoje são quimeras, só a música do Roni Cordi, emoldura o que ela foi, que delicia, viajei com seu texto, lindo, bjs

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  8. assim é a vida meu caro Dalton. o tempo passa, as coisas e as situações mudam . nós mudamos . vezes para melhor, vezes para pior . a transformação é inerente à vida . Nasci em uma capital e aqui fui criado e vivo . sua postagem me fez recordar a BH dos anos 60 e 70 . hoje uma BH tb nteiramente diferente . qto a Sampa eu simplesmente adoro . se ja tive outra existência terrena, com certeza foi em Sampa . ali tudo me fascina, me seduz, me leva ao delírio . algo q só a minha alma entende . amo a sua agitação, a sua grandiosidade, a sua undergrounlidade, sua loucura, seu trânsito caótico, o seu povo multicultural, enfim ... amo a PAULICÉIA DESVAIRADA . vai entender neh? parabéns mais uma vez pelo blog.

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