quarta-feira, setembro 30

e as gracinhas continuam...



Já passou da hora

de colocar uma vassoura

atrás da porta

da embaixada!


domingo, setembro 27

protegendo crianças de todas as idades


Ao abir a primeira página do site globo.com deparei-me com a notícia (reproduzida no final do post) que foi o estopim desta referência aos gêmeos Cosme e Damião devotados especialmente pelos fiéis ao candomblé, bem como pelos católicos.

Meu primeiro contato com os garotos aconteceu em Lorena, na Tenda de Caridade Cabocla Jandira. Dos primeiros anos da infância até a pré-adolescência eu acompanhei a minha avó Idialina a esse templo umbandista, onde ela exercia as funções de cambona. A imediata empatia com a religiosidade espírita ocorreu naturalmente. Todos os rituais ali praticados despertavam-me uma agradável mistura de perplexidade e curiosidade.

Daquele tempo, porém, as festas de Cosme & Damião foram os eventos que ficaram registrados em minha memória com maior clareza. Doces, bolos, balas, brinquedos e roupas eram arrecadados pela comunidade lorenense e distribuídos no dia vinte e sete de setembro a todas as crianças que compunham a fila que atingia a calçada da edificação. E os trabalhos espirituais invocando a proteção das entidades eram envolvidos por uma atmosfera fantástica, profunda e verdadeira.



Mas, o que tudo isso tem a ver com a notícia? Acontece que a Teresa caiu nas minhas graças pelo exemplo ímpar de lucidez, bom humor, determinação e energia - embora estando prestes a completar dez décadas de existência física - percebido apenas em espíritos que exalam a Luz da Juventude.

Portanto, no meu entender, a jovem anciã também desfruta da simpatia dos meninos-santos que, com toda certeza, a cobrirão de bençãos e iluminarão a conquista de seu nobre objetivo.

Sendo eternamente - e deliciosamente - peraltas, não duvido que eles até façam uma boquinha de urna para ajudá-la a ser eleita...




Domingo é dia de eleições em Portugal. Uma campanha em especial está dando o que falar. E não é do candidato favorito.
As pesquisas apontam a reeleição do atual primeiro-ministro, José Sócrates. Mas com a crise econômica, o partido socialista, liderado por ele, deve perder a maioria absoluta no Parlamento. A principal adversária é Manuela Ferreira Leite, do partido social-democrata, que deve continuar na oposição. O ar sério da dama de ferro portuguesa não entusiasmou os eleitores. Nas eleições de Portugal, o ritmo da campanha é fortíssimo. Por isso, o país inteiro se espantou com a decisão de Teresa dos Santos Lopes. A candidata mais velha do país está estreando na política aos 97 anos. “A minha memória está novinha!”, diz.

O primeiro objetivo político é modesto. Ela só quer ser vereadora em Vila Franca da Beira, onde votam pouco mais de 500 pessoas. Na longa caminhada eleitoral, a bengala e duas filhas são companheiras fiéis.
Mas é dona Teresa quem conquista cada voto. “Estou coxa das pernas, dos meus braços não faço nada, nem das minhas mãos, mas a linguinha está muito boa, graças a Deus”, alfineta a candidata. Sobram forças para convencer os eleitores e a campanha é só o começo. Dona Teresa quer mesmo chegar ao fim do mandato, quando terá 101 anos de idade. O discurso afiado da vovó é em defesa dos jovens.
Ela decidiu ser candidata quando viu uma neta sem dinheiro para estudar. “Coitadinha, está em casa, sem ter livros para ir a escola. O governo que olhe para estas crianças, que olhe para esta juventude”, defende. Ideias valiosas para qualquer país.
E uma vontade de resolver os problemas do mundo inteiro. “Eu, se tivesse pernas, ia para o Brasil a pé”, finaliza.


quinta-feira, setembro 24

o teatro na história


Apesar de ter a sua origem veementemente creditada à Grécia da Antiguidade, vale ressaltar que o Teatro – como recurso instintivo de expressão, comunicação e diversão – manifestou-se espontaneamente nas mais variadas regiões do planeta, no seio dos mais primitivos agrupamentos humanos e em diferentes momentos históricos.

Descobertas arqueológicas datadas de aproximadamente dois mil e quinhentos anos antes da dramaturgia grega florescer para a civilização ocidental reconheceram evidências de encenações criativas (previamente elaboradas) no Egito, especificamente destinadas a cultuar os deuses Ísis e Osíris, a ilustrar cerimônias fúnebre-religiosas e a entreter faraós.

Um milênio depois, na dinastia Hsia, o Teatro estava incorporado à cultura chinesa, exaltando conquistas militares, reverenciando divindades e repassando tradições populares. Concomitantemente, muitas nações desenvolveram modalidades teatrais próprias. A Coréia foi uma delas. Outra foi a Índia, inspirada nos poemas épicos Mahabharata e Ramayana. Entretanto, somente no Século de Péricles (quinhentos anos antes da era cristã) o Teatro recebeu roupagens semântica e ortográfica.

A palavra Theatron derivou-se da combinação do verbo ver com o substantivo panorâmico, e resultou lugar de onde se vê. Além disso, os gregos foram os primeiros a tecer-lhe uma concepção conceitual respeitada, estudada e praticada até os dias atuais.



Inicialmente, apenas as declamações em coro integravam as homenagens a Dionísio: o deus que, segundo sua mitologia, ensinara a humanidade a cultivar a uva e aventurar-se na euforia provocada pelo consumo do vinho. Até que um ator chamado Thespis rompeu com esse modelo e passou a protagonizar os esquetes trágicos que escrevia, num palco improvisado em sua carroça. Viajando por Esparta, Corinto, Megara e Epidauro, despertou a simpatia da população, incentivou outros atores e estimulou a formação de caravanas cênicas.

O repentino sucesso conquistado pelo autor fez com que o Teatro rapidamente adquirisse status de principal entretenimento popular. Preocupado, o ditador Psístrato instituiu um concurso a fim de aproximá-lo do governo ateniense. Dessa maneira poderia manipular as idéias defendidas pelos heróis das tragédias e induzir o povo a identificar-se com os interesses da ditadura. Thespis venceu o primeiro, dos muitos concursos que ainda foram realizados. O Estado obrigou as famílias ricas a custear novos espetáculos e construir espaços apropriados para os eventos.

O Teatro tomou proporções estrondosas, a ponto de passar a nomear também a trama que é vista e a linguagem utilizada para se fazer ver. A velha carroça cedeu lugar para auditórios grandiosos, ao ar livre, com delimitações estrategicamente definidas: o PALCO (misto de coxia e camarim, onde as cenas eram preparadas), a ORQUESTRA (arena circular na qual efetivamente os atores e o coro atuavam) e a ARQUIBANCADA (assentos edificados obedecendo a inclinação de uma colina).

As tragédias de Ésquilo, Sófocles e Eurípedes enalteciam o confronto dos homens com as adversidades do destino e evidenciava a nobreza dos sentimentos, enquanto Aristófanes, Menandro, Posidipo e Dífilas satirizavam em suas comédias o comportamento hipócrita e mesquinho da aristocracia daquela sociedade. Em menos de um século, a evolução dessa estrutura levou o Teatro para além das fronteiras helênicas.

Importado pelo Império Romano, a princípio foi apenas copiado. Quando conquistou a simpatia das camadas populares e da burguesia, construiu identidade românica e ganhou espaço até nos intervalos das lutas de gladiadores. Dois “imitadores” das comédias gregas se destacaram: Plauto e Terêncio. Já a tragédia romana ficou caracterizada por obras que foram mais lidas do que encenadas. A modalidade tem no filósofo Lúcio Aneu Sêneca seu expoente e sua maior curiosidade. Em sua vida pessoal, Sêneca enfrentou três tragédias reais. Mais do que prestígio, Roma forneceu ao Teatro o passaporte que possibilitou prosseguir sua viagem pela História.


Durante grande parte da Idade Média, ele resistiu às severas perseguições empreendidas pela Igreja Católica, a mesma que depois, incoerentemente, passou a usá-lo para persuadir conversões às suas doutrinas. No Renascimento multiplicou-se pela Europa, legando talentos como William Sheakespeare (Inglaterra), Molière e Pierre Corneille (França), Lodovico Ariosto e Niccolò Machiavelli (Itália), Lope de Rueda (Espanha), Gil Vicente (Portugal) e Hans Sachs (Alemanha).

A partir do Iluminismo a cultura teatral renovou-se e expandiu-se pelo mundo moderno: atravessou as turbulências dos anos 1800, surpreendendo, avançando, recuando, desdobrando-se, adaptando-se e reinventando-se; e retratou, com muita coragem, as transformações políticas, sociais, éticas, culturais, artísticas, filosóficas e educacionais dos últimos cem anos.

Enfim, o Teatro está aí. Sobrevivido, revitalizado e apto a encarar os desafios que certamente virão com este novo milênio.




Tópico 1 do Capítulo 1 da monografia UNIPAC-CDD 792.021
"A contribuição do teatro para o sucesso cognitivo na educação pública de Minas Gerais"
Autoria: Dalton Araújo Galvão de França

quinta-feira, setembro 17

formigando


More na aurora do tempo, da chuva e do vento.

Promova o grito da alma e a esperança dos anos.

Exale os anseios da mente, dos ossos e da semente.

Chore com as crianças nascidas da paz.

Pinte o céu no brilho dos teus olhos.

E, mais do que sempre,

Viva!







[Escrevi no Rio de Janeiro-RJ # 1977]

sexta-feira, setembro 11

verso rural

Da roça, o alimento

Da vida, os sabores

Do solo, o pigmento

Do sonho, os amores.







[Escrevi em Cruzília-MG # 2008]

domingo, setembro 6

picasso, um senhor do seu tempo

Pablo Ruiz Picasso (1881-1973) é um dos grandes mitos da pintura do século XX. E foi uma das personalidades mais revolucionárias e polêmicas que a Arte conheceu. Criou um estilo próprio e inconfundível de desenhar e pintar. Arriscou-se também pelos terrenos da escultura, da cerâmica e da cenografia.





Após um breve flerte com o Dadaísmo e com o Surrealismo, pintou a tela Les demoiselles d’Avignon [a última ilustração da postagem] e passou a ser reconhecido como o “inventor” do Cubismo, movimento caracterizado pelo traço simplificado das formas básicas, porém jamais se distanciando da realidade.




No início, sua ousadia foi muito incompreendida e criticada pelo grande público e também por seus amigos artistas. Nada surpreendente, pois isso sempre acontece com os gênios.
Apesar de sua conturbada vida amorosa e de seu grande apreço pela boemia, viveu os últimos anos de sua vida no interior da França (região de Midi), casado e mantendo uma primorosa e constante produção pictórica.